
Há mais de três anos trabalho recebendo por hora e posso dizer que esse modelo tem seus prós e contras. Como assistente virtual em inglês, sou remunerada em dólar, sempre com base no tempo trabalhado. Muitos argumentam que cobrar por hora não é vantajoso, defendendo que a precificação por projeto ou resultado oferece mais liberdade, sem a necessidade de contabilizar cada minuto. No entanto, quero compartilhar minhas reflexões com você que está começando, especialmente porque consegui quitar quase seis dígitos em dívidas em apenas um ano e meio, trabalhando por hora.
Na minha visão atual, a longo prazo, ganhar por projeto ou resultado é o ideal. Já trabalhei nesse modelo como social media e terapeuta integrativa, e também fiz essa transição com um cliente antigo. Comecei ganhando por hora, mas com o tempo, utilizei um argumento estratégico para migrar para um valor fixo mensal—e vou compartilhar esse argumento mais adiante.
Essa apuração proporciona mais flexibilidade, segurança financeira e a liberdade de adaptar a precificação dos seus produtos e serviços conforme a natureza do trabalho, levando em conta os gastos necessários. Ou seja, custo de produção, custo de aquisição de clientes, custo da mão de obra e carga tributária. Se o valor da sua hora é alto, e o serviço pode ser feito por alguém cuja hora custa menos, essa atividade deve ser delegada.
O grande objetivo de trabalhar por conta deveria ser encontrar um equilíbrio entre os dois modelos: ganhar tanto por hora quanto por empreitada ou resultado. Afinal, você possui sim um valor por hora trabalhada e sua mão de obra deve ser levada em consideração até mesmo, e principalmente quando você é dono da empresa.
Vamos analisar de forma objetiva alguns prós e contras de ganhar por hora, para que você tenha uma visão clara caso esteja considerando como precificar seus serviços ao ofertá-los como pessoa autônoma. Entender esses pontos pode ajudar a definir a melhor estratégia para garantir valorização e eficiência no seu trabalho.
Vantagens de ganhar só por hora:
✅ Flexibilidade – Você pode ajustar sua agenda e definir quantas horas deseja trabalhar por dia ou por semana com aquele cliente. Claro, que também depende da atividade, pois atendimento ao cliente dificilmente vai ser tão flexível.
✅ Pagamento proporcional ao tempo dedicado – Cada minuto trabalhado é contabilizado, garantindo uma remuneração direta pelo seu esforço.
✅ Menos pressão para entregar rápido – Quando se trabalha por projeto, pode haver expectativa de resultados rápidos. No modelo por hora, o foco está no trabalho contínuo e bem executado. Você tem margem para aprender os procedimentos da empresa/cliente.
✅ Ajustar carga de trabalho antecipadamente – Você não precisa depender exclusivamente do feedback do cliente. Pode pedir todo o material necessário e garantir previamente a quantidade de horas semanais autorizadas para trabalhar na atividade.
✅ Boa opção para tarefas recorrentes – Serviços que exigem manutenção constante, como suporte administrativo, atendimento ao cliente ou edição de conteúdo, são frequentemente pagos por hora e podem garantir estabilidade.
✅ Transparência na cobrança – O cliente vê claramente o tempo investido no trabalho e pode ter mais confiança no custo.
Desvantagens de ganhar só por hora:
❌ Limite de ganhos – Seu rendimento depende diretamente das horas trabalhadas. Não importa que você queira trabalhar mais, você ainda terá 24 horas por dia e nem todas elas vão ser horas de trabalho. Ou você consegue aumentar o valor pago pela sua hora ou terá sempre o mesmo limite de ganhos.
❌ Falta de benefícios – Muitos empregos por hora não oferecem plano de saúde, férias remuneradas ou bônus por resultado.
❌ Dificuldade em precificar – Clientes podem comparar sua taxa com outras sem considerar seu valor real. Assistentes virtuais filipinos, por exemplo, podem cobrar até 4 vezes menos pela hora de trabalho.
❌ Horas imprevisíveis – Alguns empregadores podem alterar a carga horária sem aviso ou fazer requisições em cima da hora, dificultando a organização pessoal.
❌ Possíveis períodos sem demanda – Se não há tarefas, não há pagamento.
❌ Dependência do empregador/cliente – Pode haver cortes de horas ou mudanças inesperadas na carga de trabalho de uma hora para outra. Acredite, isso é chato mas acontece até com empresas que estão a mais tempo no mercado (tem trabalho a ser feito mas eles precisam enxugar custos e acabam contratando outra pessoa para projetos urgentes).
Por conta das desvantagens, muitos assistentes virtuais e outros prestadores de serviço preferem pacotes de serviços ou cobrar por projeto, garantindo mais previsibilidade e escalabilidade. Essa forma de precificar seu serviço pode ser positiva especialmente se você já tem uma noção boa de quanto tempo você leva para entregar resultado e tem confiança de que o cliente ficará satisfeito com sua entrega.
O tiro no pé pode ser quando o cliente não te conhece muito bem para fazer tamanho compromisso de assinar um contrato trimestral, semestral ou anual. Ou até mesmo quando o cliente resolve não renovar os serviços e esquece de te falar – ou seja, você adiantou trabalho de graça (boa sorte tentando recuperar isso pelos meios legais, não compensa em muitos casos).
Contudo, se você tem uma boa relação com seu cliente e ele já recebeu recomendações do seu trabalho, demonstrando confiança, vá em frente e proponha um valor fixo. Na minha experiência, prefiro começar cobrando por hora para entender melhor o escopo e as expectativas do serviço antes de definir um preço. Assim, posso avaliar se vale a pena dedicar espaço mental para aquele projeto. Foi exatamente o que fiz com dois clientes: iniciei por hora e, depois, apresentei um pacote mensal com um argumento sólido.
Quando se cobra por hora e já se tem competência para realizar a atividade, qualquer melhoria na eficiência acaba resultando em menor remuneração. Em outras palavras, se você aprimora suas habilidades e executa o trabalho em menos tempo, em vez de ganhar mais, acaba sendo penalizado, recebendo menos. Pense bem: se antes uma tarefa levava 4 horas e sua taxa era de $10 por hora, ao reduzir o tempo para 2 horas, seu pagamento também cai pela metade. Nesse contexto, definir um valor fixo pode ser mais vantajoso a longo prazo.
Um empregador ou cliente sempre buscará pagar menos—isso vale para você, para mim e para a torcida do Flamengo. As pessoas têm um teto de orçamento, mas isso não significa que irão sempre gastar o máximo possível. Primeiro, demonstre seu valor: entregue um serviço de qualidade e entenda o limite que o mercado está disposto a pagar pelo seu trabalho. Se necessário, mude de nicho para aumentar sua hora paga.
Nem todos os clientes deixam claro, mas muitos valorizam sua atenção e disponibilidade. Se você for essencial para a ‘alma do negócio’, poderá negociar um valor fixo melhor. Caso contrário, não adianta insistir—o cliente seguirá em busca do menor custo e da maior disponibilidade.
Nem todos os negócios vão mudar seu modelo de pagamento para te acomodar, então é importante ter isso em mente. Uma das empresas com as quais trabalho mantém o pagamento por hora há cinco anos, e, no momento, isso tem sido vantajoso para mim. No entanto, ninguém pode prever o futuro, e a situação pode mudar.
Se você está começando—seja desenvolvendo uma nova habilidade ou explorando um novo mercado—receber por hora pode ser uma grande vantagem, pois você estará sendo pago enquanto aprende.
Lembre-se: ganhar por hora não é necessariamente algo negativo, desde que seja feito de forma estratégica.
Agora, se identificou um benefício adicional para o cliente como resultado positivo, considere oferecer ambas as opções: pagamento por hora e por desempenho, garantindo flexibilidade e alinhamento com suas entregas.
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Excelente texto para quem pretende ingressar ou começou agora no trabalho virtual. Isso porque a experiência pessoal, em qualquer atividade, norteia os interessados e pode até poupa-los de erros.